No artigo anterior abordamos o conceito, benefícios e melhores práticas relacionadas à segurança psicológica. Se você perdeu, acesse aqui

 

Dando sequência a esse tema, hoje procuramos explorar qual a relação existente entre segurança psicológica e compliance e quais os impactos que essa relação tem para as empresas. 

 

Retomando o conceito, segurança psicológica refere-se  ao sentimento de confiança de que os indivíduos podem expressar ideias, dúvidas e erros sem medo de punição ou humilhação. Essa confiança reduz o medo de julgamento, promovendo uma comunicação aberta e honesta, essencial para a aprendizagem e inovação nas organizações. 

 

Dessa forma, empresas se beneficiam de ambientes psicologicamente seguros ao assegurar que membros de suas equipes se sintam confortáveis para expressar opiniões, dúvidas e receios promovendo inovação e evitando a tomadas de decisões em situação de dúvidas que podem resultar em maus resultados para organização. 

 

Por sua vez, o compliance pode ser compreendido como uma ferramenta de gestão empresarial baseada em políticas, procedimentos e controles que visam assegurar a conformidade da empresa com leis, regulações e boas práticas éticas, evitando desvios e responsabilidade para a organização e seus membros. 

 

Diante disso, pergunta-se: qual a  relação entre segurança psicológica e compliance?

 

Pois bem, a relação entre compliance e segurança psicológica é uma relação simbiótica na medida em que um se beneficia do outro gerando benefícios para empresa como um todo. 

 

Por um lado, o programa de compliance bem estruturado e efetivo baseia-se em normas e diretrizes claras que estimulam a ética, o respeito à diversidade, às opiniões e estimula o relato de não conformidades, desvios, bem como incentiva questionar em caso de dúvidas. Assim, a implementação do programa de compliance baseado em uma cultura de ética e integridade apoiada pela alta administração e que conte com um canal de comunicação efetivo contribui para a criação de um ambiente psicologicamente seguro. 

 

De outro lado, o estabelecimento da segurança psicológica assegura que os colaboradores de uma empresa perguntem antes de agir em caso de dúvida e relatem situações que pareçam anômalas e possam representar um desvio de conduta, permitindo que os responsáveis pelo compliance tomem as atitudes necessárias para evitar o descuimprimento de leis, regualções e compromissos éticos assumidos pela organização. 

 

Conclusão: 

Em suma, a empresa que adota a segurança psicológica como ferramenta de gestão e o faz através da implementação de um programa de compliance será beneficiada com essa relação mútua assegurando não apenas a inovação, mas também evitará responsabilização pela prática de ilícitos ou violação de compromissos assumidos. 

Autores:

Patricie Barricelli

Doutora e Mestre em Direito Político Econômico (Universidade Presbiteriana Mackenzie), especialista em Compliance (Universidade de Coimbra – Instituto de Direito Penal Econômico). Professora de Direito Penal e Compliance em cursos de pós-graduação e graduação. Pesquisadora no Grupo “Direito Penal Econômico e Justiça Internacional”. Advogada especialista em compliance.

Roger Barbosa

Advogado com especialização em Direito Corporativo e Compliance (Escola Paulista de Direito) e Governança, Risco, Controle e Compliance (Universidade de São Paulo – USP/Fundace). Certificado PQO-Compliance e CPC-A. Membro da Comissão Especial de Compliance da OAB/SP e da Comissão Permanente de Governança e Integridade da OAB/SP. Advogado especialista em Compliance.